sábado, 16 de abril de 2011

De mal a pior

Sintam-se a vontade para me chamar de covarde ou qualquer coisa do tipo. Eu desisti de você. Ou melhor, de querer você. E tenho merecido um 10 no meu trabalho. A lição de casa tem sido feita como eu nunca fiz na escola. O esforço pode machucar, mas leva a algum lugar bom, pelo menos melhor que aqui. Com você, ou melhor, sem você. Eu percebi que não ter teu ombro pra chorar não é tão difícil assim. E ok, tudo bem, eu consigo pegar o transito e a chuva, ficar acabada no fim do dia e não te ter por perto pra diminuir todo esse caos da cidade. Mas sempre há um porém...
As vezes eu sinto saudade de te amar, eu sinto saudade de sentir saudade. E eu ainda te amo? Diz que eu to certa, diz que não. Se eu não tivesse tão ocupada com isso, até daria tempo pra fazer um lanchinho da tarde. É meio que inexplicável porque agora a lagrima só cai se eu forçar muito. Se eu ouvir Seaside de The kooks numa tarde fria de ressaca, de saudade, essa, que tem sido rara. Se você passar na mente, assim, meio de leve, despercebido, não fica por muito tempo, vai fácil. Vai mais fácil do que chegou. É incrível como você foi de mal a pior.
Mas no fundo, eu fico assim, louca pra te encontrar em qualquer esquina de supermercado, do outro lado da vitrine. Algum lugar realmente concreto, que não seja aqui no coração. Te achar no meio de cifras e rimas de uma musica bonitinha qualquer. Isso responde a minha primeira pergunta? Mas pra que isso agora? Eu to quase lá. Meu esforço diário ta quase valendo à pena. Eu nunca senti que falta tão pouco assim pra chegar onde eu sempre quis. Te esquecer, eu sem você e todo esse blá blá blá.
Isso é puro terrorismo. É frágil. E mesmo com toda aquela estrutura, com todo trabalho, aquilo que se levou anos para ser construído, estilo Old Trade Center, é abalado em questão de segundos. Você e seus aviões... Às vezes da vontade de apertar o botão do “send” e enviar um eu te amo numa noite qualquer, te pedindo em seguida que não responda nada pra não desarmar todo escudo que eu tenho formado, ainda sim, com essas ferramentas enferrujadas. Eu tenho muito medo de ser o Old Trade Center. Hoje eu chorei, mas as lagrimas cabiam no bolso, como não é de costume. E é realmente melhor mesmo parar por ai. Enchente assim, só é bonito se for em Veneza.
A única coisa ruim dessa história é que por mais que você vá, a esperança fica. Por que logo eu, a pessoa mais realista e pessimista do mundo encontra um jeito ridículo de achar que essa história ainda pode ter essa droga de final feliz? É totalmente contra minha vontade, é mais irritante do que te querer, assim, propriamente dito. Da vontade de dormir e pedir que me acordem só quando esse inferno acabar. Vou continuar trabalhando nisso, pro seu bem, pro meu, pro nosso bem.
E agora eu fico querendo achar alguém ali na porta do lado. Esperando alguém que não seja você. Um carinha pra me levar cupcakes ás 23:00, depois de um dia árduo de trabalho. E naquele momento, com os pés mergulhados numa bacia com água quente, a felicidade é plena, não da vontade de largar nunca. Que se dane a dieta e o cansaço. Devoraria os cupcakes, abraçaria tanto ele ao ponto de parecer ridículo pra cacete. E é verdade, a gente sempre arranja um jeito de ser feliz. Com ou sem você, assim eu espero.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Esse quase amor.

Estalos na calçada com despedidas no portão, beijinhos no “verdade ou conseqüência”, voltas de mãos dadas no parque e brincadeiras idiotas bem estilo salada mista. Todos eles não, mas você, você foi o primeiro amor. Aquele de não conseguir esquecer, de chorar, de te ver partir e sentir frio por umas 900 noites seguidas. Amor mesmo, não essa fantasia besta de criança, ainda sim, gostosa. E quem dera que pra mim, ainda fosse assim. Queria eu me conformar com simples abraços quando falassem “uva” e apontassem na minha direção. Eu quis demais. E você só me ensinou que nesse jogo de azar eu era a rainha de copas e você o rei de espadas, disposto a dilacerar meu naipe.
É verdade, você acabou comigo. Mas eu não pude ter o controle por que eu mal sabia o que tava acontecendo aqui. Você me machucou e mesmo assim, com as mãos no meu rosto, disse centenas de vezes que me amava. Eu esperei que o amor fosse realmente uma coisa bonita, um momento de felicidade, uma luz no fim do túnel, um cheeseburger num SPA. Mas eu acho que fui eu quem errou, eu idealizei demais. Você me mostrou o que era o amor, eu acreditei. É isso? Ok. Eu preferi acreditar nessa única prova do que me enforcar achando uma coisa da qual eu jamais teria certeza, esse amor perfeitinho.
E eu tava destinada a ver filmes românticos com finais apaixonados em aeroportos, onde ali, tudo se acerta entre vôos atrasados e chegadas inesperadas. E diante disso, eu só conseguia achar que os diretores estavam completamente surtados. Isso é um final feliz? Nesse nosso drama policial, cheios de tiro a queima roupa, você me mostrou que feliz mesmo é alguém esperando por alguém que nunca virá. E nesse caso, o primeiro alguém sou sempre eu!  Eu comecei a delirar, ou não, em pensar que o amor é algum tipo de droga injetável que na hora nos deixa em estado de puro êxtase, mas de pouquinho em pouquinho, em felicidades incompletas, nos deparamos com uma tamanha vulnerabilidade em clinicas de reabilitação, onde os corredores são longos e as portas de saída são minúsculas. O final nunca é feliz, isso quando tem final!
E fala sério, não era pra ser assim? De amor mesmo eu só sabia o que vinha da sua boca. Como eu podia achar que o amor era algo delirantemente bom enquanto a única coisa que eu provei foi amarga, mais do que café? Esse seu “amor” ai, então, vai saber. Por isso agora eu me conformo com ligações interrompidas, jantares desmarcados em cima da hora, não telefonemas no dia seguinte e todas essas esquisitices que mamãe ensinou dizendo: ele não ta afim, pula fora. Eu me desiludi por me iludir demais, talvez. O amor não é um bicho de sete cabeças, ele simplesmente não é mais nada. Eu te dei meu telefone. Vai ligar? Não vai? Pra mim tanto faz, o dia seguinte será o mesmo pra mim, com ou sem chamadas na caixa postal. Minha secretaria falou: deixe seu recado, vai de você deixar ou não.
Talvez eu esteja errada em não enxergar esse mundo colorido demais, mas no meu momento de amor, só houve noticias em preto e branco. Infelizmente, ou felizmente, eu sou quase intocável. Eu sou um robô que não se preocupa com as conseqüências de nada do que o amor trás. Eu não espero que um príncipe chegue a minha agencia entregando encomendas e de brinde traga flores, café e um pedido pra jantar. Eu não espero que ninguém me tire pra dançar. Eu ainda não posso afirmar o que o amor é, mas o amor meu, não é tão maravilhoso assim. Se alguém te ensinar que um limão é roxo e você nunca viu limões, como discordar e saber que o mesmo é verde? É, é complicado. E eu só sei dessa parte do amor, essa assim, meio com cara de limão. Tudo que é pouco, tem sido muito pra mim.

Te conforma, rapaz.

Era interessante o jeito em que as mãos dela de unhas vermelhas envolviam a pizza enquanto ouvia Radiohead e falava olhando pra te, em céus estrelados, que não conseguia viver sem você, ficar sem você seria algo estranhamente difícil. Aquelas pessoas cheias de esperança sussurraram pra mim que nem tudo que é difícil quer dizer impossível. Pra te também? Pois é. E olha ela agora se acabando numa dieta tediosa de grelhados, ouvindo musica escrota, mostrando os dentes num sorriso que diz pro mundo inteiro que viver só também pode ser viver bem. É rapaz, pode acreditar, ela ta bem sem te.
Não foi mentira, foi ilusão. E a partir de hoje, eu digo que essas palavras nem sempre andam de mãos dadas, nem sempre são a mesma coisa. Era mentira se ela realmente acreditasse que viver sem te seria fácil, mas dissesse pra te que não seria. Pois então,  foi pura ilusão. Foi um sonho em que alguém precisa de outro alguém e nessa solidão a gente fica cego. Não tava pré meditado, não era pra ser assim. Ela realmente achou que a vida não seria vida sem tua companhia pra fazer respirar, e te disse por que tava totalmente conformada com isso, com essa vidinha a dois. Mas que nada, besteira, foi coisa de momento. Você mesmo ajudou pra que ela pensasse assim.
Não é que ela não te ame mais. Ela ama sim e muito. Por isso viver sem te é melhor do que viver contigo sem te ter, assim, do jeito que ela quer. Daquele jeito que você sabe e por isso mesmo deu o fora pra não ter que arcar com as conseqüências de ser alguém extremamente amado, que recebe afeto de graça.  Todas aquelas palavras foram embora em um suspiro! E ela sabe: eu sei viver sem te. Não é viver, por que é difícil, irritantemente difícil. Ela apenas sobrevive, procurando jeitos e maneiras aleatórias de se conformar que sem todo esse teu peso, na cabeça, a vida fica mais leve. E fica mesmo.
Mas é que ás vezes fica leve demais. Ao ponto de ficar vazia. Sem cor, sem chão, sem nada e com cem musicas românticas pra botar na conta de quem não tem em quem pensar quando essas mesmas são ouvidas. Então ela disse que os neurônios se chocavam por que nessas noites confusas o sono vinha e ele voltava. Não voltava assim não! Ela não podia ter, mas não podia mesmo... Não era por falta de luta ou por não saber esperar. A guerra foi árdua e a sala de espera foi usada, bastante até. O problema é que simplesmente não era pra ser. Não tinha amor nas duas margens do rio e por isso o passeio do barco não vingou.
E foram dias e dias naufragando nesse mesmo abismo. Se distraindo de dia com os problemas do trabalho e lotando a cabeça á noite com bebidas entorpecentes pra não ter que deixar a vida te trazer de volta. São horas e horas rodando num mesmo circulo, sem parar, por que se parar, já viu, você volta no mesmo segundo, volta veloz, á tona. Então deixa ela. Deixa quieto. Qual é? Você bem que mereceu. Além de cigarro, tinha ela na mão. Mas os 40 reais que pagava pelo fumo não pagava por ela, então rapaz, fica quieto.
Vai te conformando de que a vida te deu uma flor e você não soube plantar o seu jardim. Aprende que ninguém vive parado pra sempre, ninguém espera nessa sala a vida inteira por que uma hora o estabelecimento fecha. E se quer atendimento 24 horas, procure por alguma dessas farmácias que tem xilocaína, mas lembra que é só anestesia temporária. Ela ta folheando livros que falam de felicidade enquanto você folheia teus dias atrás da mesma coisa. Porém, agora, não vai ser tão fácil assim. Pode fazer birra, sacanear, chorar, xingar, ela não te ouve mais! E te conforma que a culpa é toda tua. A única coisa que ainda vai ecoar ai é: Querido, se eu consigo, você consegue viver sozinho também. Te conforma, rapaz.

terça-feira, 12 de abril de 2011

De mãos não dadas

É bem verdade o que eu venho pensando mesmo. Talvez eu não esteja pronta pra nós dois, talvez eu não esteja pronta pra você e nem você pra mim. Talvez eu tenha nascido com esse dom de ser uma frigideira que não tem tampa mesmo! E você me faz achar isso cada vez mais. Por que beijos e abraços nem sempre são relacionamentos e encontros no fim de semana não são amor! E eu preciso dizer que eu preferia que você odiasse esse meu verdadeiro eu do que amasse esse alguém que eu não sou. Que eu faço só pra agradar, pra te agradar. Então essa é a hora em que eu sei que isso deve parar. Esse nós que vive de desencontro e de mãos não dadas.
E eu não consigo fazer piadas nesses quartos de hotéis e motéis. Eu tenho que conviver com essa história de jogar no Google essas palavras estranhas que mais parecem de outra época pra não parecer muito desentendida.  Eu tenho que sair de mim pra ser mais você. Eu não consigo ser espontânea ao ponto de te pedir um carinho, te pedir um beijo e dizer: chega mais pra cá! A verdade é que nós combinamos mais pelo gosto por cigarros, whisky e bandinhas alternativas do que por amor, sentimento, empatia ou por sermos nós mesmos. Você ainda nem sabe quem eu sou. Tudo que eu fui não sou eu. Eu não sei ser idiota nesses minutos e isso nunca me fez tanta falta. O que diabos somos nós dois?
Você vai me chamar pra tomar um vinho á dois sob o olhar de milhares de pessoas sem ter medo de sermos vistos como bandidos que acabaram de fugir da prisão? Ou você vai continuar a me deixar guardada a sete chaves na sua cabeça e no seu apartamento? Eis a questão, seja franco. Por que eu realmente não sei, eu não sei se nós somos ou não somos alguma coisa, não sei se seremos. Eu não sei se devo dar um basta ou se eu devo continuar andando nessa estrada de insegurança que esta nos levando a lugar em nenhum!
Mas é assim, toda vez, como um viciado, um drogado. Não tem cura. Esse prazer por não sermos nada, essa vontade de estar ai de vez em quando, mesmo sabendo que não deveria estar. Essa vontade de comer pizza a dois e beber long necks depois de uma noite inteira de musica e muita, mas muita bebida! Ai é que a vontade vem mesmo. Então, por favor me diz, pela ultima vez, o que nós dois somos? Além de sermos eu, você e nossos gostos parecidos. E eu sei que nós somos muito, mas juntos não somos nada.
Você diz que é medo de se entregar. É verdade que criamos escudos pra não se machucar. Nós vivemos armados nessa guerra. Por que eu já te acertei um tiro e outros vários. E você pode achar que não, mas eu já me feri também. E quem se machuca sempre quer remédio, a não ser que sejamos sado masoquistas. E foi ai que todos os leucócitos invadiram nossos corações nos fazendo dois doentes com medo de amar. E é por isso que não é amor. Não é afeto. Não é carinho. Não é nada além de papo furado na madrugada. É um ponto no universo sem sentido e sem direção. Sem função, sem porquê, nós dois vivemos a dois sem motivo nenhum. E então, qual vai ser?

As fadas não existem, não mais.

E então, você vai? E com a cara de tristeza me fez um sinal de sim. Ok. Faça o que quiser, a vida é sua, sentirei saudade e te esperarei aqui. Se eu vou te esquecer? Não sei. Se eu vou continuar te amando? Muito provavelmente. Eu nunca fui desonesta. Eu não vivo em um conto de fadas que relacionamentos duram pra sempre e não se modificam. Não vejo a distância como algo que só nos faz sentir falta e nos une. Também vejo ela como algo que pode nos mudar. Mas você não. Não é nem que você viva nesse mundinho seguro, você só tem medo de admitir que seu amor pode mudar, diminuir. Tem medo de dizer na minha cara que pode chegar um dia em que não será eu quem você gritará em caso de emergência. Não será meu nome que sairá da sua boca em noites sem sono, mal dormidas. E tai, dito e feito.
Você voltou. Voltou mesmo? Será? Continua com o mesmo nome, o mesmo endereço, a mesma mania chata de não conseguir ouvir uma única musica por 50 segundos... E voltou com um novo corte de cabelo, você voltou estranho, diferente. Não voltou do jeito que foi. Eu tenho percebido nos seus olhos, na sua falta de atenção com nossos jantares da terça. Com sua vontade de ouvir musicas que fazem os olhos chorarem e não as bocas beberem. Você tava ali mas não tava e eu tava sentindo falta. Ai eu te perguntei: Fala pra mim, o que aconteceu lá? O que aconteceu ai? Esse tempo conseguiu te provar finalmente de que não existe esse amor assim, infindável? Tem outra?
Você calou de pena. Eu insisti. Você falou: Eu não te amo mais. Ou amo, sei lá. Mas é verdade, as fadas não existem. Desculpa, eu encontrei alguém. E eu senti ali na hora que ainda era amor, mas ela era novidade, aquela paixão sabe? E ela era tudo que eu não era. Ela lia pra criancinhas enquanto eu lia pra mim mesma no escuro da noite na varanda. Ela fazia almoço pros pais enquanto meu almoço era uma dose de whisky. Ela mal sabia o que era um beijo e eu já tinha dado pra 6. Ela freqüentava a igreja enquanto eu freqüentava boates. Ela tinha ar de campo e cheiro de flor. Eu tinha ar de sono e cheiro de ressaca. Eu era de escorpião, ela devia ser de virgem. To sendo irônica. To rindo pra não chorar.
Tudo bem. Eu tenho que chorar por que não posso te fazer me amar outra vez. E eu já dei muito, te dei tudo e não tenho mais nada pra dar. Eu disse com a voz falhando que a culpa não era sua, ninguém se apaixona por que quer e se fosse assim, pediria que nesse momento me apaixonasse até pelo entregador da pizza, menos por você. Eu fiquei acabada em saber que nada ou tudo que eu fizesse te traria de volta. E eu me senti com algum tipo de doença respiratória que não deixa o ar sair e prende todo o amor do mundo dentro de mim, quase me causando uma morte súbita. Eu fiquei em choque e travei. Mas sinceramente, era melhor chegar na cara e falar: prepara a armadura, chama São Jorge e abraça a fé que lá vai bomba!  Disparava a sirene que eu dava um jeitinho de fugir.
Mas agora eu não consigo fugir pra lugar nenhum. É uma sensação estranha de escutar U2 e lembrar de você, olhar a tua foto e não te ter. Eu fiquei aqui paralitica na agonia de não te ter e não conseguir não lembrar. É foda! Ta foda! To assistindo drama pensando em você com sua flor. To lendo romance imaginando você regando essa nova felicidade. Ta bom ai? Ta melhor? Você foi mesmo, pela segunda vez, mas agora foi por completo. Foi pra não voltar. Foi sem deixar esperança alguma de que o amor é bonito e estável.  Foi cuidar de um futuro melhor, enquanto eu tento te colocar no passado. Saudade...

Ei, desculpa.

Desculpa? As pessoas dizem que não se deve pedir perdão por aquilo que não fez. Então, eu não fiz mas eu peço desculpas. Por não ter te ligado, não ter sentido tua falta, não ter te desejado sorte, não reclamar do teu novo corte de cabelo. Sei que desculpa não é uma borracha que sai apagando todos os erros e defeitos, não vai te trazer de volta. Desculpa por ter usado tantas borrachas achando que eu iria apagar de pouquinho em pouquinho todo esse borrão, desculpa por ter errado tanto e mesmo vendo teus olhos transbordando de dor ter errado de novo, e ainda assim, no fim das contas, tudo que eu fiz foi encarnar o Nando Reis todas as vezes, me queixando de estar atrasado, requerendo uma segunda chance, pra eu voltar a ser eu e errar contigo de novo. D-E-S-C-U-L-P-A!
Eu entendo sua boca calada, seus olhos fechados, suas poucas palavras frias. Eu entendo e não quero entender.  Eu sei de tudo, mais do que ninguém. Eu finjo que eu não sei, disfarço não entender suas queixas, desvio tua insatisfação com alguns carinhos... e faço assim só pra não ter que admitir pra nós dois que eu tenho sido ausente. E falo ausente pra não me crucificar ainda mais, suas palavras diriam na lata: escroto. Pois é, só eu entendo.  Assim como entendo que beijinhos e abraços não te farão me perdoar, e muito menos pedir desculpa, usando desculpas esfarrapadas, achando mil motivos pra colocar toda uma culpa em você que é completamente minha!
Te dizer que só fui assim por culpa tua, no fundo sabendo que isso não faz sentido nenhum! E por que eu faço isso? Se você mesma sabe que eu fui o errado da história... E é ai que eu te perco mais. Em cada pedido de perdão, por que neles eu demonstro quantas vezes eu fraquejei contigo, quantas vezes te deixei na mão. Mil pedidos de perdão = a um idiota que tem errado demasiadamente. E eu confesso aqui e agora que errei. Mesmo que na sua cara eu nunca tenha conseguido dizer isso. Por que, honestamente, é tão mais fácil aliviar nossa tensão colocando a culpa nos outros, mesmo que esses outros seja você. Desculpa.
Desculpa por ir e te deixar ir também. Posso ter perdido não quem eu mais amava, mas quem mais me amava, e nessas horas, não tão alegres, alguém que te ama pode fazer tanta diferença! Sei que não tenho o mínimo direito de pedir que você dê meia volta e me dê um sorriso mesmo que meia boca. Pedir, no mínimo, uma palavra não me parece justo, mas é verdade, eu nunca obedeci tuas regras, eu nunca segui a linha, é de praxe não fazer nada que você pede, então pode bater o pé ai, pode pedir pra eu não tirar esse teu sossego tão difícil de conquistar, eu to aqui outra vez, e uma de muitas... Ei, fala comigo!
Eu queria dizer que errar faz parte do meu eu antigo, te confessar que meus pedidos constantes de desculpa ficaram para trás. Eu queria mesmo dizer que eu te passei pra trás. Mas não, eu mesmo não entendo. Mesmo te ferindo, sendo a causa do teu travesseiro estar alagado de lagrimas, mesmo fazendo teu coração doer, ser a causa de te fazer perder noites de sono... eu bato na tua porta outra vez. Por que apesar de te fazer mal, eu continuo querendo te fazer bem, eu continuo querendo te amar, eu continuo te amando, de verdade, eu não sei dizer. Talvez seja por você ser a única que agüentou ser tão ferida assim, e no fim, ainda sobra amor pra dar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Falência múltipla de nós mesmos.

No meio de uma dessas noites quaisquer num tédio absurdo eu resolvi mudar tudo de lugar no meu quarto.  Levando os livros de uma estante á outra me deparei com aquele livro dos recordes que nem lembrava que tinha e resolvi dar uma olhada, até por que eu tava cheio dessa arrumação sem nexo e mais ainda de uma alergia que tava tomando conta de mim, e honestamente, de doenças respiratórias, já bastava meus pacientes. Entre os recordes mais curiosos estavam o maior homem do mundo medindo 2 metros, 46 centímetros e 38 milímetros,  o cara bizarro que consegue arrastar 411,65 quilos com sua pálpebra... e ali depois da mulher estranha que tem 93% do corpo coberto de tatuagens, achei que nossas 87 mil idas e vindas, nossas 90 toneladas de indecisão e suas 1001 promessas se encaixariam e estampariam uma bela página daquele livrinho.
Pois é, sabe que nesses dias tenho lembrado de você? Eu era o estagiário banana e você a residente arrogante. No fundo eu sempre soube... Você era muito menos do que parecia ser. Aí um dia criei coragem e te ofereci meu café, você aceitou.  Daí eu ofereci minha mão, meu abraço, as palavras, e até mais café de novo. Então de repente surgiu alguém que eu não conhecia, mas que eu já esperava que existisse: A residente carente e menos arrogante.  Até então o dia em que eu chamo de maldito dia, é isso, bem maldito mesmo! Por que pessoas direitas como eu insistem em fazer amizade com Jhonny Walker? Te ofereci um drink. Uns aqui, dois ali e você era minha! Eu e meu jeito tosco: Cara, adoro trabalhar contigo... blá blá blá. Você prepotente: Cala a boca... E direta, me beijou.
A gente reclama das coisas que a gente recebe da vida mas a verdade é que no dia seguinte, naquele hospital caótico, depois de trocas de olhares discretas e um pouco arrependidas, ela só me disse:  Desculpa por ontem, aquilo não foi nada, melhor esquecer, bebi demais.  Sim, eu preferia que o velho Jhonny não tivesse saído do corpo dessa mulher tão cedo. Com os ouvidos bem abertos e a mente bem atenta eu permaneci do mesmo jeito, calado de raiva. E quem dera que esse tivesse sido o final de uma história boba de colegas de trabalho embriagados. O grande problema é que nas noites de plantão, ali numas salas escuras e vazias, você encarnava a carente de novo. E assim de novo e de novo, até eu me dar conta de que eu não passava de um calmante casual receitado para os seus dias de angústia, ainda arrisco dizer de carência. O pior não foi isso... O pior foi me dar conta de que você se tornou meu tarja preta!
E entre traumatismos cranianos, diabetes e hepatites, a coisa mais vulnerável ali dentro do P.S era meu coração... E o foda era que nem precisava de estetoscópio ou eletrocardiograma pra identificar essa minha tal falência cardíaca. Eu bebia café feito um condenado tentando não deixar meus olhos me condenarem da última noite mal dormida! Por que tem sido assim... tenho me perdido num misto de muita cafeína, dramim e você. A única diferença é que café tem logo ali na starbucks da esquina, o dramim tem nas prateleiras do depósito e você...  Você? Eu preferia dizer que aceitei viver sem te, que deixei de ser o garotinho bobo de sempre ou então que não sei do seu paradeiro, mas noite passada você estava ali no meu sofá bancando a doçura em pessoa, já hoje eu não tenho certeza de você. A única certeza que eu tenho é que eu preciso dobrar minhas doses de dramim e de amargura, e dessa vez eu não to falando do meu velho cafezinho.